Acabar
Posted on 11:00:00 da tarde by Fábio ©
Li algures que "as coisas nunca acabam bem na medida em que têm um final"; talvez a questão seja mesmo a noção e definição de “FIM” quando na verdade, para um ou para o outro (ou outros) o suposto “fim” é o início de um recomeço. Quando um ser atinge o ponto de dizer "tem que haver um fim" suponho que a outra pessoa possivelmente também se apercebeu de algum afastamento emotivo. E sim, apesar de nos tentarmos enganar a nós próprios e tentar não reparar nisso, aos poucos vai-se percebendo.
Há quem diga que somos animais na base, e o animal usa a linguagem corporal. Apesar de não acreditar que "somos animais na base" quem diz isso não foge muito à verdade. A linguagem corporal, as atitudes, os olhares, palavras, tudo são pequenos avisos para um fim inadiável. A necessidade de perceber que aquele esgar caído é sincero ou que aquele olhar ressacado diz: "não dormi nada, não sei como te dizer que gosto de ti como um irmão, mas não concebo a ideia de algo mais. E por saber que sofrerás, não sei como te amparar na queda que te causarei". Talvez seja chocante ouvir isso, mas quem disse que a verdade não magoa?
Quando se sente que o fim está próximo, não há como evitar. Talvez se consiga um adiamento, porém é fruto da cobardia existente em qualquer ser humano. Também não há uma fórmula secreta para tratar o assunto, quanto muito podemos arranjar alguma maneira para minimizar a coisa, mas como não há fins equilibrados…Enfim, é sempre complicado acabar seja o que for, e a situação agrava-se principalmente quando o assunto é um relacionamento. E o sofrimento está lá à espera, à espera que abras a porta para que possa entrar sem ter que limpar os pés. Dói, é um facto. Ninguém gosta de perder alguém de quem se gosta, perder algo que se acreditou. Contudo, não será pior viver em mentira? Conviver com alguém que não sente o tal sentimento por nós é a pior sentença. Acreditem que é.
Hoje em dia, já ninguém acredita naquela coisa do “ Não foste tu, fui eu!, sendo quase certo que deve haver ali alguém no meio, embora não seja fácil admiti-lo. Ninguém gosta de saber que existe outra pessoa. É melhor percebermos que algo se esgotou por si só, sem a ajuda de ninguém. Mas o problema, é que quando algo começa a esgotar-se, muitas das vezes torna possível a entrada desse alguém. E esse alguém é o início do fim. Porque se existe outra pessoa ou se existiu no passado, até podem passar anos, porque o “fim” mais tarde ou mais cedo, acaba por acontecer.
Quando uma pessoa diz à outra que já não gosta mais, ou que não sente o mesmo e não vale a pena forçar, a pessoa que recebe essa “noticia” sentirá que a relação que existiu não foi suficientemente importante para que a outra pessoa reunisse a coragem necessária para o(a) enfrentar. E mesmo que seja essa a situação, não se justifica a distância: aí, o que termina, deve é reconhecer, olhos-nos-olhos, que a relação foi menos importante do que ele(ou ela) fez o outro acreditar.
É inevitável causar sofrimento se estamos a terminar uma relação com alguém que ainda gosta de nós. Mas agir com consideração por essa pessoa, de quem tanto gostámos, e a quem sabemos que vamos provocar sofrimento, revela caráter, coragem e maturidade. Há quem cresça e nunca consiga nenhuma das três: caráter, coragem nem maturidade.
Começar é bom. E acabar? Tenho medo de acabar. Mas, quando temos medo de algo, isso pode ser bom. Porque singnifica que ainda temos algo a perder... Estarei errado? Talvez.
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